DIÁRIO DE UM JESUÍTA
10/08/1631 - A chegada ao Brasil
Quando parti do território português, deixei toda minha família, minha história, minhas conquistas e amigos; por cont de expedições catequéticas com aqueles nativos insignificantes.
Na quarta-feira, embarquei no porto de uma capitania conhecida como “São Luiz”, lembro-me como se fosse hoje, o dia em que embarquei no porto de São Cristóvão; era quinta-feira, 15 de setembro de 1621; cheio de medo, embarquei numa grande caravela, cheia de caçadores e outros padres jesuítas com a minha mesma missão.
Vamos montar uma missão, com o objetivo geral de evangelizar e montar uma escola jesuíta.
21/08/1631 - O primeiro dia entre tantos que virão
Chegamos a colônia há onze dias, que mais me parecem uma eternidade! Tudo muda de ritmo, minhas orações, minha rotina e até minha alimentação; ora que só comia em banquetes luxuosos, agora com ensopado de peixe com ervas.
A partir deste “almoço” comecei a notar como era grande o amor que os índios tinham por mim e pelos meus outros colegas jesuítas.
Daqui a apenas dois dias começaremos uma rotina de evangelização com os nativos, mas antes de começar a escola jesuítica, eu e mais dois jesuítas, junto com um índio, vamos em busca de dois pares de índios que sumiram.
29/09/1631 – Retorno ao lar
Após vários dias na mata conseguimos voltar para a escola, com uma péssima notícia: ambos os quatro foram seduzidos e vendidos como escravos para senhores de engenho.
No dia em que voltamos, vimos o progresso que fizemos; os índios, juntamente com os outros padres jesuítas construíram uma espécie de cruz.
A partir de amanhã, minha programação diária, será bem mais cansativa.
30/09/1631 – Novo dia
A partir de hoje, começarei minha rotina de evangelização. Minha rotina agora será da seguinte maneira:
- Logo quando o galo canta, eu e os índios nos levantamos para preparar o banquete do amanhecer.
- Após o banquete, iniciamos nossa exaustiva caminhada de oração, que tem fim horas antes do almoço.
- Com o fim da oração, os indígenas e alguns jesuítas começam a preparar o almoço.
- Nós jesuítas, tentamos ensinar os índios a comer alimentos normais, mas eles não se acostumam, e o ensopado de peixe parece agora ser um costume de todos.
- Após o almoço os nativos começam seus trabalhos normais no campo, nos pastos e nas hortas.
- Algumas horas depois do inicio dos trabalhos celebramos a Santa Missa e depois iniciamos a “catequese”.
- Com o anoitecer iniciamos a nossa rotina, para a preparação do “ensopado” e iniciamos o jantar.
- Após o jantar vamos orar e depois dormir.
Excepcionalmente aos sábados e domingos os indígenas fazem bolsas de couro e escultura de barro e de madeira.
10/08/1649 – Chega a nossa escola “a arte da caça ao índio”.
Dezoito anos se passaram desde a nossa chegada a colônia-portuguesa, e só agora os índios começaram a sumir!
No inicio de nossa escola, tínhamos cerca de 75 indígenas, mas com o passar de alguns anos, os mais velhos foram morrendo, e com o passar de mais tempo, novos índios foram surgindo, e chegamos a ter mais de 175 índios.
Com o desenvolvimento do bandeirismo e a caça ao índio, muitos de nossos índios foram trancafiados e levados para São Paulo.
21/03/1650 – O melhor aniversário de minha vida!
Hoje estou comemorando os meus 50 anos, estou aqui, evangelizando, não era bem o aniversário que eu queria!
Quando o galo cantou, não foi nem necessário a minha presença na preparação do banquete, pois todos os padres e índios, já tinham ido preparar. Isso fez o meu humor melhorar.
Nas orações, sempre que fechava os olhos, escutava meu nome nas dedicações. O melhor de tudo, é que todas as dedicações eram feitas por índios.
Na hora do almoço, esperava o ensopado de peixe, e para a minha surpresa, um banquete de frutas e um grande e belo peixe assado.
Na hora dos trabalhos, os índios começaram a fazer esculturas para me presentear, eram incríveis. Até fizeram uma cruz como lembrança daquela que fizeram anos atrás.
Na Santa Missa, todos os indígenas queriam aproximarem-se de mim. Quando começamos a evangelizar, todos os indígenas estavam tão atentos às minhas palavras.
No jantar, mais frutas e peixe, estava tudo tão gostoso, que senti vontade que o dia não acabasse mais.
Quando fui dormir, notei para que tinha vindo e o que tinha feito, puz-me a chorar.
16/05/1650 – O dia do Adeus!
Me sinto pior! Desde o dia que fui à mata e fiquei doente, só tenho piorado, ainda não levantei e... bom, minhas dores só estão piorando.
Tantos remédios dados pelos índios, e nada funciona, tenho medo que minha hora tenha chegado.
As dores tomam minhas orações, não consigo mais nem chamar a Deus com o mesmo fervor de antes.
Tosse, vômitos, dores e principalmente a desidratação. Não tenho ao menos vontade de comer, sinto raiva e estou sem empolgação.
A morte agora é um perigo eminente, queria só, antes de minha morte rever mais familiares que estão em Portugal.
Testamento
Meu nome é Francisco Fernandes, sou padre jesuíta e possuo poucos pertences. A maioria de meus pertences são estátuas e túnicas. Desejo que meus pertences sejam divididos da seguinte maneira:
- Todas as minhas túnicas deverão ser divididas para os novos jesuítas.
- As estátuas que ganhei dos indígenas, deveram ser divididas e entregues de volta. Aos índios que já morreram, desejo que as estátuas sejam colocadas em seus túmulos.
- Minhas anotações, e meus livros devem ser entregues a meus familiares que moram em Portugal.
- E as cruzes que ganhei dos indígenas, desejo que sejam colocadas em meu túmulo.
Quero que todos saibam que meu maior desejo é que chegue ao fim a caça ao índio.
Aluno: Antônio Romão dos Anjos Neto. Nº 06 Ano: 8º C
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